CINECLUBE DE JOANE

Novembro 2023
Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão

Programa mensal

de Nanni Moretti
2 NOV 21h45
de Júlio Alves
9 NOV 21h45
de Laura Citarella
16 NOV *21h00*
de Kléber Mendonça Filho
23 NOV 21h45
de Rodrigo Sorogoyen
30 NOV 21h45

As sessões realizam-se no Pequeno auditório da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão. Os bilhetes são disponibilizados no próprio dia, 30 minutos antes do início das mesmas.

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9 21h45

DIÁLOGO DE SOMBRAS + AZURARA & Carlos Amaral Júlio Alves Entrada livre


parceria com o festival binnar

Depois de "Sacavém", Júlio Alves volta a debruçar-se sobre o trabalho de Pedro Costa. "Diálogo de Sombras" parte da importante exposição "Companhia", organizada em Serralves em 2018, da autoria e com curadoria do próprio Pedro Costa, que partia da obra do cineasta para criar um diálogo entre esses trabalhos e os de outros artistas que povoam o seu imaginário. (Cinemateca Portuguesa)

Título original: Diálogo de Sombras (Portugal, 2021, 60 min)
Realização, Argumento e Produção: Júlio Alves
Montagem: Vítor Carvalho
Fotografia: Miguel Saraiva
Som: João Alves
Distribuição: The Stone and the Plot
Estreia: 23 de Março de 2023
Classificação: M/12
AZURARA + Carlos Amaral Ainda nas suas primeiras apresentações públicas, Azurara é um projecto que junta Vítor Nuno Santos (Evols, Bildmeister) na voz e guitarra e Filipe Ferreira (Horselaughter) em guitarra e programações. A partir de uma instrumentação esparsa, desenham-se paisagens sonoras lentas e melancólicas em evocações cinematográficas e canta-se sobre desamores, ruínas e estradas. Para esta edição do BINNAR apresentam-se em colaboração com o cineasta e professor Carlos Amaral, que estreou em 2022 a sua aclamada longa-metragem "Mar Infinito" e será responsável pela componente visual de um quase-filme, quase-concerto.
Sobre Pedro Costa, cineasta do nosso tempo Luís Miguel Oliveira, Publico de 23 de Março de 2023 Eis dois exemplares de um tipo de filme raro no cinema português: aquele em que um realizador olha para o trabalho de outro realizador.
Os filmes de Júlio Alves, que se centram no trabalho e no cinema de Pedro Costa, são uma espécie de correspondente português da famosa série durante décadas animada por André S. Labarthe e Janine Bazin dedicada aos Cinéastes de Notre Temps (ou, na segunda encarnação, Cinéma, de Notre Temps), para a qual até houve contributos portugueses — o Oliveira, o Arquitecto, de Paulo Rocha, e, bem a propósito, o filme que Pedro Costa realizou sobre Jean- Marie Straub e Danièle Huillet, Onde Jaz o Teu Sorriso.
Sacavém e Diálogo de Sombras são filmes contínuos (e contíguos) mas com uma identidade própria a cada um. Sacavém é um filme sobre as marcas, as marcas materiais do trabalho de Pedro Costa. A voz dele (e de vez em quando a sua silhueta, mas nada de grandes planos, nada de “cabeças falantes) dá o fio condutor no som off, reflectindo sobre o seu trabalho, mas também sobre o seu lugar nesse espaço tão abstracto e ao mesmo tempo tão concreto que é “o cinema”, a partir da ante-câmara do chamado “ciclo das Fontaínhas”, esse momento — Casa de Lava, de 1994 — em que a obra de Pedro Costa seguiu um rumo que, mesmo com pontualíssimos desvios (o filme sobre Straub-Huillet, o Ne Change Rien com Jeanne Balibar), ainda não deixou de percorrer nem de fazer frutificar. Júlio Alves compõe a banda de imagem numa maioria de planos estáticos que se centram, em grande parte, em documentos de trabalho, fotos, anotações, colagens, muitos deles incluídos no Casa de Lava-Caderno que Costa fez publicar, e cujas páginas são frequentemente mostradas por Júlio Alves. Este tipo de documento “fixo” prevalece sobre as imagens dos filmes, que nunca são chamadas a cumprir serviço de ilustração das palavras de Costa, e quando aparecem chegam por norma de forma pouco convencional — através de imagens filmadas em projecção, os filmes tomados à distância, como “objectos”, em resposta a todos os objectos que contribuíram para a sua realização.
Esse olhar material ou “materialista” sobre o cinema de Pedro Costa toma uma dimensão diferente em Diálogo de Sombras. Aqui, os excertos abundam, mas estamos próximos de um registo em palimpsesto: o olhar de Júlio Alves sobre os filmes de Costa é, mais uma vez, “indirecto”, visto que resulta de um trabalho feito sobre a exposição (Pedro Costa — Companhia) que o realizador montou em Serralves em 2018. Passamos, portanto, para o outro lado, para a evanescência quase fantasmática das imagens dos filmes de Pedro Costa, planos e sequências restituídos como assombrações arrancadas ao seu contexto “natural” (quer dizer, ao fluxo dos filmes que começaram por integrar todos esses planos e sequências), e dadas frequentemente em relação com o espaço “museológico” em que viveram no contexto da exposição. Esse é o “diálogo de sombras”, mas há outro tipo de diálogo, mais inesperado, visto que neste filme as imagens de Costa relacionam-se também com uma abundância de imagens de outros cineastas, as predilecções do autor por ele seleccionadas para o diálogo com as suas próprias “sombras” no âmbito da exposição — e também por isto, por ser o registo de algo condenado à efemeridade (a exposição) mas por igualmente registar este diálogo entre o cinema de Pedro Costa e os fantasmas que lhe servem de vizinhança mais ou menos próxima, Diálogo de Sombras afirma uma validade, “documental” se assim se lhe quiser chamar, que é inquestionável.