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Camille, de 40 anos, encontra um telemóvel perdido numa estação de comboios. Quando Suzy, a dona, liga para o próprio número, Camille atende. As duas mulheres marcam assim um encontro para a devolução do telefone. Naquele momento, sem que o pudessem imaginar, as suas vidas entrelaçam-se irrevogavelmente... Um filme dramático com argumento e realização do francês Jean-Claude Brisseau ("Coisas Secretas", "Os Anjos Exterminadores", "A Rapariga de Parte Nenhuma"), com os actores Fabienne Babe, Isabelle Prim, Anna Sigalevitch, Fabrice Deville e Jean-Christophe Bouvet.
Cinema de pulsões secretas, Inês Lourenço, DNJean-Claude Brisseau é um artífice do erotismo feminino. Mas não o tipo de artífice que esconde as ferramentas usadas no seu ato de criação. Em Que o Diabo nos Carregue - filme sobre o encontro acidental de três mulheres que acabam a partilhar os lençóis, mas também as questões individuais da psique - Brisseau faz do décor uma oficina com instrumentos espalhados e integrados na narrativa.
Vêem-se lombadas de livros que são autênticas piscadelas de olho, quadros nas paredes, com corpos femininos em êxtase místico, que são a base poética do projeto do cineasta, e um apartamento (do próprio, como habitualmente) que é uma galáxia da intimidade.
Este é um filme que, explorando a dimensão cósmica do sexo, o faz de uma forma quase cândida, com um rasto de kitsch a alimentar o humor suave que atravessa uma história de pulsões interiores.
A palavra e o sexo segundo Brisseau, João Lopes, CinemaxSem ceder a modas, Jean-Claude Brisseau continua fiel a um cinema atravessado pelos temas sexuais, seus dramas e ironias — "Que o Diabo Nos Carregue" é mais um exemplo da sua singularidade na paisagem da produção francesa.
O veterano francês Jean-Claude Brisseau pratica um cinema muitas vezes reconhecido (e polemizado...) apenas por causa das suas componentes sexuais. É verdade que a sexualidade das suas personagens, sobretudo as femininas, impõe-se sempre como tema nuclear. Mas não é menos verdade que a sua "figuração" (mais ou menos paródica, convém referir) envolve sempre a sensualidade da palavra.
O mais recente filme de Brisseau, "Que o Diabo Nos Carregue", aí está como sugestivo exemplo das suas acrobacias narrativas, colocando em cena três mulheres — interpretadas por Fabienne Babe, Isabelle Prim e Anne Sigalevitch — marcadas por experiências sexuais que oscilam entre o desencanto romântico e o mais profundo trauma psicológico.
Apetece dizer que estamos perante uma genuína comédia sexual, mesmo se a aparente ligeireza de situações não exclui a emergência de factores de clara perturbação. No fundo, Brisseau gosta de brincar com as expectativas do espectador, surpreendendo-o quase sempre de forma desconcertante.
Podemos, assim, aproximar "Que o Diabo Nos Carregue" de um certo modelo de conto moral que atravessa a história do cinema francês — lembram-se dos "Seis Contos Morais", de Eric Rohmer, com destaque para o genial "A Minha Noite em Casa de Maud" (1969)? O cinema apresenta-se, aqui, como um exercício de desmontagem das aparências, alimentando uma bela ilusão: a de, através da fala, podermos dizer todas as contradições dos nossos desejos.