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PROGRAMAÇÃO: Setembro 2016
Sala de exibições
Pequeno auditório
Casa das Artes de V. N. de Famalicão
Parque de Sinçães - V. N. de Famalicão

CEMITÉRIO DO ESPLENDOR de Apichatpong Weerasethakul
Sinopse
Numa pequena aldeia da Tailândia, vários soldados são vítimas de uma estranha doença do sono.
Uma escola primária abandonada converte-se então numa espécie de enfermaria, onde recebem
os cuidados necessários para se manterem vivos. Os médicos tentam encontrar forma de os
despertar, incluindo a terapia de luz colorida, para aliviar os seus sonhos agitados. Jenjira, uma
das voluntárias que ali trabalham, sente um especial carinho por Itt, um jovem soldado que nunca
recebe visitas. Ela torna-se amiga de Keng, uma médium que usa os seus poderes para fazer de
"ponte" entre os familiares desesperados e os espíritos dos soldados adormecidos. Um dia,
Jenjira tem um estranho encontro com duas mulheres que lhe dizem que a escola está situada em
cima de um cemitério de antigos reis que usam a força dos jovens nas suas guerras...
Apresentado na secção Un Certain Regard do Festival de Cinema de Cannes, "Cemitério do
Esplendor" conta com a realização do aclamado realizador Apichatpong Weerasethakul
("Febre Tropical", "O Tio Boonmee...", "Mekong Hotel").
Ficha Técnica
Título original: Rak ti Khon Kaen (Mexico/Frana/Taiwan/EUA/
Grã-Bretanha/Alemanha/Coreia do Sul/Malásia/Noruega, 2015, 122 min.):
Realização e Argumento: Apichatpong Weerasethakul
Interpretação: Jenjira Pongpas, Banlop Lomnoi, Jarinpattra Rueangram
Fotografia: Diego Garcia
Som: Akritchalerm Kalayanamitr
Montagem: Lee Chatametikool
Produção: Keith Griffiths, Simon Field, Charles de Meaux, Michael Weber, Hans Geißendörfer
Distribuição: Midas Filmes
Estreia: 27 de Abril de 2016
Classificação: M/12
Nós, os belos adormecidos
Vasco Câmara, Publico de 4 de Maio de 2016
Este é o filme de Apichatpong que “salta” para o lado de cá do ecrã, que transforma a sala em delicado tratamento e apuramento dos sentidos dos seus belos adormecidos: nós, espectadores, voluntários deste sono profundo. Não há nada de especialmente diferente neste último do cineasta tailandês em relação aos seus anteriores? A matéria de um filme continua a ser uma sucessão de camadas de vivências sobrepostas, os sonhos e a “vida real” tendo o mesmo estatuto. As várias vidas que se vivem acontecem na terra onde nasceu Apichatpong Weerasethakul, onde os pais exerceram a profissão de médicos, onde ele frequentou a escola, onde descobriu o cinema. É tudo isso junto que faz materializar o hospital deste filme, Cemitério do Esplendor, onde um grupo de soldados, acometidos de misteriosa doença que os faz cair num sono profundo (uma forma de dissidência?), estão a ser velados.
Nada de radicalmente novo em relação à experiência do cinema de Apichatpong?
Não, se se imaginar uma linha a avançar horizontalmente e a acumular. Sim, se estivermos disponíveis para a forma como o cineasta trata de nós, em profundidade: o cinema é um cemitério de esplendores, entre o que se passa no ecrã e o que acontece na sala não há diferença de natureza. Não sendo a obra-prima do realizador (O Tio Boonmee que se Lembra das suas Vidas Passadas, 2010), há momentos de uma serena evidência: as vidas que estamos a ver no ecrã são também as nossas, a dos que estão a ver o filme. Se calhar, afinal, há algo que distingue Cemitério do Esplendor dos filmes anteriores de Apichatpong Weerasethakul. Este é aquele que “salta” para o lado de cá do ecrã, que transforma a sala de cinema em delicado espaço de tratamento e apuramento dos sentidos dos seus belos adormecidos: nós, os espectadores, voluntários deste sono profundo.
