CINECLUBE DE JOANE

Setembro 2025
Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão

Programa mensal

de Guan Hu
4 SET 21h45
de Christophe Honoré
11 SET 21h45
de Andrea Arnold
18 SET 21h45
de António Reis e Margarida Cordeiro
25 SET 21h45

As sessões realizam-se no Pequeno auditório da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão. Os bilhetes são disponibilizados no próprio dia, 30 minutos antes do início das mesmas.

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25 21h45

ROSA DE AREIA António Reis e Margarida Cordeiro


Já Não Há Cinéfilos?!

O último filme de António Reis, concluído cerca de dois anos antes da sua morte, foi, mais uma vez, um trabalho co-assinado com Margarida Cordeiro. Mais uma vez é uma peregrinação por Portugal, como lugar de mito e como lugar mítico. Peregrinação também entre o "crepúsculo inicial da História" e a "aurora final", num círculo que é, como a rosa de areia, uma das metáforas mais constantes dele. Peregrinação ainda entre visões medievais (a mais inesquecível é a do julgamento e da execução de um porco, baseada num facto real) e as visões do futuro de Carl Sagan. "Rosa de Areia", filme ainda por descobrir, filme ainda por descerrar, é uma figura perfeita, carregando o simbolismo mágico de todas as formas perfeitas. A história de um homem perseguido por um tigre que caiu num poço onde outro tigre o esperava. Ou a história de um pai ressuscitado dos mortos para dar de beber à filha um vinho feito de sol, de poeiras e de chuva. Agora, nunca mais haverá no cinema português um imaginário assim. Cópia digitalizada pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema

Título original: Rosa de Areia (Portugal, 1989, 85 min)
Realização, Argumento, Montagem e Produção: António Reis, Margarida Cordeiro
Interpretação: Ana Umbelina, Balbina Ferro, Cristina de Jesús, Lia Nascimento, Maria Olinda Nascimento, Alberto Mendes, Alcino da Costa, António Reis e Artur Semedo
Fotografia: Acácio de Almeida
Som: Jean-Paul Mugel
Diretor de Produção: José Mazeda, Acácio de Almeida
Laboratório de Imagem: Tóbis Portuguesa
Estúdio de Som: Lab Auditorium Synchro Art Sistems (Geneve)
Estreia: 10 de Outubro de 1989
Como resistir ao encanto deste diálogo tão conjugal que o seu mistério quase desperta ciúme? O espectador será tocado, como eu, por uma asa da memória, e sentirá que ouviu, no silêncio e no escuro, qualquer coisa como uma reminiscência de conversa entre um pai e uma mãe. Nesse aspecto, não sei bem se periférico, “Rosa de Areia” é um filme perfeito. Regina Guimarães
Primeiro trabalho dos autores em 35mm, “Rosa de Areia” é um filme magistral, composto de planos admiráveis, com sistemática e rigorosa utilização do plano-sequência. É difícil não ficar deslumbrado perante tanta beleza, mas, essa beleza é também um risco. Se este cinema é também uma experiência dos sentidos e do conhecimento, não será necessário amá-lo e não apenas admirá-lo, sentir-se transportado por ele e não apenas contemplá-lo? E, no entanto, é de uma beleza prodigiosa! Augusto M. Seabra
Após os 90 minutos de projeção na sala da Cinemateca, tudo o que se disser sobre “Rosa de Areia” soa a tagarelice. Quando o silêncio fala assim, só resta calar. Tal como está construído (e destruído, no ritmo dialético que é a sua respiração), o filme impõe-se como um dogma da santíssima trindade. Talvez por isso ouviu-se na sala da Cinemateca, por duas vezes, a palavra “religioso”. Claro: é religioso o que religa todos os contrários e antinomias. Afonso Cautela
Após os 90 minutos de projeção na sala da Cinemateca, tudo o que se disser sobre “Rosa de Areia” soa a tagarelice. Quando o silêncio fala assim, só resta calar. Tal como está construído (e destruído, no ritmo dialético que é a sua respiração), o filme impõe-se como um dogma da santíssima trindade. Talvez por isso ouviu-se na sala da Cinemateca, por duas vezes, a palavra “religioso”. Claro: é religioso o que religa todos os contrários e antinomias. Afonso Cautela
Cada vez mais árido, o cinema de Reis-Cordeiro encontrou a harmonia no ciclo do nascimento e da morte. Em “Rosa de Areia”, já não existe um território delimitado. Habita-se a “natureza infinita onde se desenham e apagam todas as formas”. E se “a maior parte do cosmos é vazio”, acede-se à palavra, ao diálogo entre a poesia e a ciência, para que todos os discursos sirvam a continuidade do mundo. Como afirmou António Reis, muito antes do seu último filme, ainda existe “o respeito pela pedra que se está a esboroar, mas se temos o sentido da pedra, é porque lhe demos muita cabeçada”. Rui Catalão
“Rosa de Areia” eleva-se a um grau de depuração formal que lhe retira pontos de apoio que o identifiquem com um grupo socio-cultural determinado, para se tornar numa longa meditação sobre a natureza humana e o destino da vida. José Coutinho e Castro

António Reis nasceu a 27 de agosto de 1927, em Valadares, no concelho de Vila Nova de Gaia. Em 1959 colabora no documentário “O Auto da Floripes”, produzido pela Secção Experimental do Cineclube do Porto, de que é membro ativo. Entre 1961 e 1962 é assistente de realização de “Acto da Primavera”, de Manoel de Oliveira. No ano seguinte realiza o seu primeiro documentário, “Painéis do Porto”, encomendado pela Câmara Municipal do Porto. A partir de “Trás-os-Montes” assina os seus filmes com Margarida Cordeiro, com quem partilha a vida. Desde 1977, acumulou a sua atividade criativa com a de mestre na Escola de Cinema do Conservatório Nacional. Faleceu em Lisboa, a 10 de setembro de 1991.

Margarida Cordeiro nasceu a 5 de julho de 1938, no Mogadouro, distrito de Bragança. Médica psiquiatra, inicia-se na atividade cinematográfica com o filme “Jaime”, enquanto assistente de montagem e de som de António Reis, com quem assinou a realização das suas três longas- metragens.

Filmografia

  • 1963 – Painéis do Porto (curta documental) de António Reis
  • 1964 – Do Céu ao Rio (curta documental) de António Reis e César Guerra Leal
  • 1974 – Jaime (curta documental) de António Reis
  • 1976 – Trás-os-Montes de António Reis e Margarida Cordeiro
  • 1982 – Ana de António Reis e Margarida Cordeiro
  • 1989 – Rosa de Areia de António Reis e Margarida Cordeiro